Oi! A expressão “Isso é tão Black Mirror” tornou-se comum no ambiente digital, remetendo a aclamada série distópica de ficção científica que explora os limites potencialmente perigosos da tecnologia e sua influência em nossa sociedade.

O criador da série, Charlie Brooker, havia interrompido a produção por perceber que o mundo real estava se aproximando das realidades alarmantes retratadas em Black Mirror. Agora, com a confirmação de uma nova temporada, observamos que alguns cenários apresentados na série já não parecem tão distantes da nossa realidade.

Um exemplo disso é o sistema de crédito social implementado na China, que guarda notáveis semelhanças com o enredo do episódio “Queda Livre” (“Nosedive”), que inaugura a terceira temporada de Black Mirror. Nesse episódio, cada interação social é pontuada numa escala de cinco estrelas. A média dessas pontuações determina a posição social do indivíduo, impactando todos os aspectos de sua vida, desde oportunidades de emprego até moradia.

A protagonista do episódio, Lacie, se esforça intensamente para melhorar sua classificação, visando obter benefícios, como um desconto para viver num bairro de alto padrão. De maneira semelhante, no sistema de crédito social chinês, os cidadãos procuram manter ou aumentar suas pontuações para garantir vantagens, como descontos em serviços públicos e acesso gratuito a instituições culturais como bibliotecas e museus.

No entanto, ambos os sistemas também compartilham o lado questionável de suas dinâmicas. Em “Queda Livre”, Lacie, ao ter sua classificação rebaixada, é gradativamente excluída da sociedade. No sistema chinês, uma pontuação baixa pode levar um cidadão a ser incluído numa lista que resulta em consequências graves, como restrições para obter empréstimos bancários, iniciar um negócio, adquirir um imóvel ou até mesmo matricular os filhos em escolas particulares.

Desta forma, tanto o episódio “Queda Livre” quanto o sistema de crédito social chinês lançam luz sobre importantes questões da nossa sociedade contemporânea. Essas realidades ressaltam preocupações com a vigilância constante, a monetização da moralidade e as possíveis consequências de uma sociedade cada vez mais imersa no digital e hiperconectada.

A expressão “Isso é tão Black Mirror” nunca pareceu tão pertinente, à medida que realidade e ficção parecem se entrelaçar cada vez mais.

O que mais é tão Black Mirror?

Foto Destaque: Reprodução/Pensamento Contemporâneo